O mercado de criptomoedas está crescendo a passos largos não só no Brasil, mas no mundo todo. E uma pergunta ronda a mente de quem é um entusiasta dos criptoativos: quem criou o Bitcoin?
Essa é uma questão que ainda carece de resposta. Afinal, até hoje não se sabe ao certo se o Bitcoin foi criado por uma única pessoa ou um grupo de pessoas que queriam revolucionar o sistema financeiro.
Quem criou o Bitcoin?
O Bitcoin surgiu no ano de 2008. Mais precisamente, no mês de outubro daquele ano quando o mundo passava por uma das suas piores crises financeiras mundiais em virtude da alavancagem de alguns bancos norte-americanos – para entender melhor o contexto da época, sugerimos o filme “A Grande Aposta”.
Na ocasião, uma carta de nove páginas – chamada “Whitepaper” – foi escrita e assinada sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, para explicar como seria o funcionamento da Blockchain que depois de alguns meses viabilizou a rede Bitcoin.
O criador usava dois endereços de e-mail e permaneceu ativo no processo de desenvolvimento do Bitcoin por dois anos. Ele sempre escrevia em painéis de mensagens se comunicando com os desenvolvedores.
No entanto, como em um passe de mágica, em dezembro de 2010, o criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, simplesmente desapareceu e parou de fazer as suas postagens publicamente. E aí veio a pergunta, quem era ele?
Disputa judicial pela identidade do criador do Bitcoin
Embora até o momento não se saiba exatamente quem está por trás do pseudônimo “Satoshi Nakamoto”, há muita especulação no mercado.
Recentemente, houve uma disputa judicial em um tribunal da Flórida de aproximadamente US$ 64 bilhões em criptomoedas. Esse processo foi chamado “julgamento do Bitcoin do século”.
Ele envolveu a família do falecido Dave Kleiman e seu ex-parceiro de negócios Craig Wright, cientista da computação australiano e pioneiro da criptografia. Essa disputa se deu pelo controle dos criptoativos que supostamente pertenciam a Satoshi Nakamoto.
Para se ter uma ideia, o estoque é de 1,1 milhão de bitcoins, sendo essa uma das maiores fortunas privadas do mundo. Além disso, as famílias também brigaram para ter direito a identidade da criptomoeda que permanece anônima desde sua criação.
A família do falecido Kleiman dizia que tanto ele quanto Craig Wright trabalharam juntos no início da criptomoeda e assumiram o pseudônimo de Satoshi. Já Wright insistia que somente ele é o Satoshi Nakamoto.
Desfecho do processo judicial beneficiou Wright
A família de Kleiman dizia possuir evidências que provavam que os dois trabalharam juntos desde o começo da criptomoeda, tendo ambos direito a metade da fortuna.
Os Kleimans alegaram que tanto David quanto Wright escreveram a carta explicativa juntos para lançar o negócio. Para isso, Kleiman teria constituído uma empresa na Flórida em 2011, dois anos antes de morrer.
A empresa chamada W&K Info Defense Research, era supostamente uma parceria entre os dois. Apesar de todas as tentativas de evidenciar essa questão, o júri do tribunal entendeu que Wright não havia roubado bitcoins da operação de mineração da dupla.
Ou seja, os 1,1 milhão de bitcoins eram de seu direito. Entretanto, o tribunal ordenou a ele pagar ao empreendimento W&K o valor de US$ 100 milhões em indenizações relacionadas à “conversão”, ou seja, ao uso próprio da propriedade alheia.
Então, Wright foi mesmo o criador do Bitcoin?
Wright tem uma formidável máquina de imprensa que entrou em ação logo após a vitória judicial, estampando em diversas manchetes que ele seria o suposto Satoshi Nakamoto.
Entretanto, vale destacar que o processo não julgou a possibilidade de Wright ser Satoshi. Apenas julgou a possibilidade de Wright ter desviado bilhões de dólares em bitcoin do empreendimento conjunto com Kleiman.
Embora Wright esteja bradando ser ele o tal do Satoshi, o fato dele ter de pagar indenizações a empresa de Kleiman não confirma isso.
Além disso, segundo o advogado especialista em blockchain, Stephen Palley, em uma entrevista a Decrypt, o tribunal apenas avançou na premissa de que não precisava decidir quem era Satoshi, e o júri não decidiu esse problema.
Inclusive, partindo dessa premissa, o julgamento desenrolou vários blefes incertos, pois, fatos básicos do processo de Kleiman não foram analisados.
Sendo assim, o veredito do tribunal não reconheceu de forma alguma que Wright possa ser Satoshi. Portanto, as afirmações por meio da sua máquina de imprensa não são verdadeiras.
Outras reivindicações acerca da paternidade do Bitcoin
Além desse processo, que ficou conhecido mundialmente no final do ano passado, diversos outros cientistas e figuras proeminentes no mundo dos criptoativos foram apontados como sendo o criador do Bitcoin. Porém, todos negaram as afirmações.
Inclusive, um dos candidatos bastante cogitado foi o engenheiro nipo-americano chamado Dorian Satoshi Nakamoto.
A especulação já chegou a cogitar um cientista da computação húngaro-americano chamado Nick Szabo. No entanto, todos eles negaram serem os responsáveis pela criação do criptoativo.
A única pessoa que realmente parece estar disposta a assumir a paternidade da primeira criptomoeda do mercado é o próprio Wright. Mas será ele mesmo o criador?
Criador usava dois endereços de e-mail
Um dos motivos que leva muitas pessoas a crerem que os criadores do Bitcoin foram mesmo a dupla Wright e Kleiman se dá pelo fato de que Satoshi usava dois endereços de e-mail, e não apenas um.
No entanto, isso não é considerado uma prova, ainda que o fato do tribunal de Miami aplicar uma multa jurídica de US$ 100 milhões a Wright possa, na visão dele, justificar que ambos foram considerados os criadores da criptomoeda.
A verdade é que, independente de quem realmente criou o Bitcoin, ele parece ter pensado muito bem em não deixar rastro. Tanto é que a briga judicial começou apenas 8 anos depois do seu desaparecimento.
Portanto, o mistério acerca de Satoshi Nakamoto ainda continua vivo. Porém, sabemos que essa pessoa, ou grupo de pessoas, foi de fundamental importância para uma revolução financeira e filosófica no mundo.
Por causa dele(s), podemos contar com uma nova tecnologia, que abriu as portas para que novas outras ideias surgissem nesse terreno.
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