O Dia da Independência do Bitcoin celebra uma de suas mais distintas e importantes qualidades: a sua imutabilidade, que diz respeito à imensa dificuldade de fazer mudanças no protocolo base da rede Bitcoin.
Num primeiro olhar, isso pode parecer uma fraqueza, e uma grande desvantagem. Afinal, outras criptomoedas, como o Ethereum, se destacam justamente por apresentarem promessas de evolução e inovação constantes.
Em 2017, algumas das maiores empresas do mercado, como a gigante Coinbase e a Bitmain (a maior fabricante de equipamentos de mineração), e figuras influentes como Roger Ver, então bilionário e proprietário do site bitcoin.com, se coordenaram para tentar fazer uma mudança simples no protocolo base: aumentar o tamanho máximo do bloco de transações de 1MB (aproximadamente 4,5 mil transações) para 2MB (9 mil transações).
É difícil pensar em uma mudança mais simples, e aparentemente inofensiva, que essa. Entretanto, mesmo essa simples mudança exigiria um hard fork, uma mudança no protocolo que quebra a compatibilidade com as regras vigentes até então, resultando potencialmente em duas moedas diferentes.
A proposta dos gigantes:
- Aumentaria o tamanho do bloco
- Exigiria um hard fork
- Quebraria a compatibilidade com as regras vigentes
O dia 1º de Agosto de 2017 traz o melhor exemplo, até hoje, da importância da descentralização. Dezenas de milhares de operadores dos nós que compõem a rede Bitcoin responderam à investida das grandes corporações e mineradoras, aplicando aos seus servidores uma atualização, batizada de UASF, que não só rejeitaria o hard fork proposto como obrigaria os mineradores, meramente por incentivos econômicos, a aderirem a uma mudança no protocolo diferente, que não exigia um hard fork, e não trazia risco de bifurcação da blockchain do Bitcoin.
A resposta dos bitcoiners:
- Rejeitaram o hard fork
- Incentivaria os mineradores a aderirem a uma mudança diferente
- Eliminaram o risco de bifurcação
Essa mudança, batizada de SegWit, aumentaria a capacidade da rede e tornaria possível a criação da Lightning Network, um protocolo descentralizado, enraizado na própria rede Bitcoin e que permite transações instantâneas e com custo irrisório.
Nesse dia, comprovou-se que não são grandes corporações, ou bilionários, ou desenvolvedores, ou autoridades autoproclamadas que controlam o funcionamento e o destino da rede, mas os seus usuários. Por isso, o dia 1º de Agosto é considerado o Dia da Independência do Bitcoin.
Esse dia ensina sobre porque, em meio a tantos outros projetos que garantem que trarão – sempre num futuro breve – soluções revolucionárias, o Bitcoin se distingue categoricamente. Ter um projeto com um roadmap agressivo de upgrades levanta, para o investidor, duas perguntas: quem decide hoje, e quem decidirá no futuro, quais mudanças serão feitas? E como saberei se essas mudanças eventualmente não irão contra meus interesses? Aquilo que se propõe a preservar valor para o longo prazo carece de previsibilidade. E não há nada mais previsível que algo que não pode mudar.
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